quinta-feira, novembro 26, 2009

Da vida...


Às vezes me pergunto se é mesmo assim
Se era somente isso
Se havia mais perguntas a serem feitas
Mais certezas perdidas
Se era o que a vida queria
de mim.
Se voltasse rápido, ou talvez fugisse
bem depressa
Se ficasse quieta.
Talvez sim.
Se ficasse muda. Estática.
E a deixasse passar por mim.
É, talvez sim.

Mas grito alto. Falo o que calo. Tropeço na saída.
Brado, não finjo.
E ela corre, ligeira
de mim.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Vovó de Paquetá

Ah, que saudade do cheiro de terra
Do gosto de mar
Da árvore gorda
Do escorrega, da bicicleta
Da minha infância, com você,
Em Paquetá.

Do bolinho de arroz, da batata-frita, do pastel.
de ser somente criança
E mais nada importar.

Até mesmo do vidro-siri que me cortou o pé!

Do cheiro de dama da noite
Do passo ligeiro da charrete
do gosto de brisa no ar
E as horas lentas, ao teu lado
Que teimavam em se apressar!

Não iria mais catar contas na areia
pra delas fazer colar
Nem tomar sorvete no seu Valdeci,
nem o cemitério dos pássaros visitar.
Já era hora de voltar...

Agora a mim só restava
de novo ansiar
pelo apito da velha barca
que me levaria de novo a você

Mas a lembrança que ficava
era de que ali
sempre me esperava
um segundo lar.

terça-feira, outubro 06, 2009

Ao meu tio...

O papel está em branco. De luto.
O artista partiu, de repente.
Pra outros campos, outras telas, outras gentes.
Outros traços.
Foi, enfim, ser feliz.

quarta-feira, setembro 30, 2009

Para minha cunhada querida e flaustista mulher (senão dá briga rs) predileta!!! Parabéns!!!!!!!!!!

Ela é pura música. Não qualquer uma, dessas que ficam martelando o ouvido.
Talvez uma bossa. Ou um bom choro.
Não, ela não é música, e sim melodia. Isso mesmo. Sem letra.
Suas notas cantam o que ela é. E por fim ecoa.

Suave, inesquecível...

sábado, setembro 19, 2009

Completamente...

Não sei ser metade de nada.
Meia-amiga, meia-irmã, meia-filha.
Sou uma contradição, inteira.
Não me faço de rogada.

Se é pra me atirar,
ladeira abaixo.
Quando penso em ficar,
que cavem um buraco!

Meio-fresca, meio-virgem, meio-santa, meio-louca.
Nunca fui!

Sou todas, inteiramente, de uma só vez. Indissolúveis partes.

E que se calem as meias-verdades

Mais válido ser calúnia inteira
Do que passar a vida sendo metade.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Just waiting...

Escrevo, mas não tenho nada a dizer.
Pelo meu relógio, faltam algumas horas, para outro tempo.
Mas ele nunca chega.
Preciso trocar a bateria. Ou os dias.
Espero, mas não há nada a fazer.

terça-feira, julho 14, 2009

Por mim mesma 1 e 2 (dois anos depois...)



Por mim mesma (26/07/2007)
Não sei desenhar. Não vejo novela. Não sei quem é a atriz do momento. Como a nêga, nunca fui à Bahia não. Nem quero ir. Não gosto de mate. Não faço pilates. Nem ioga. Odeio Paulo Coelho. Abomino Jabour e Mainardi.
Não queria morar numa cabana. Não queria ter um iate. Queria ter menos preguiça. Queria ter menos vontade.
Queria tocar piano. Queria cantar. Bem alto.
Queria ler todos os livros bons. Queria ler a alma,
dos maus. Queria comer chocolate e não engordar. Rir na hora de calar.
Queria ter mais amigos
verdadeiros
Queria ter menos amores
vãos.
Queria ter poderes mágicos.
De parar o tempo. De fazer voltar as horas.
Queria ter mais vidas
Pra caber tudo
Que eu queria ser.




Ainda não sei desenhar. E nem vejo novela. Talvez um dia cogite ir à Bahia. O passar dos anos nos deixa mais maleáveis. Faço musculação pela saúde.
Continuo lendo, por prazer. Ainda não aprendi a decifrar a alma dos maus. Muito menos ler todos os livros bons. Sigo tentando. Ambas as coisas.
Queria comer chocolate e não engordar. Consegui. E daí?
Não me importa.
Importam-me os poucos, mas bons amigos que mantive. Os amores, que a maturidade me fez ver que, mesmo desfeitos, nunca são vãos.
Não quero mais parar o tempo, fazer voltar as horas.
Queria sim viver num mundo menos breve, onde o amor e a amizade não estivessem fora de moda. Onde as pessoas fossem menos individualistas e mais solidárias. Luto pra ser uma pessoa melhor para mim mesma e para os outros todos os dias.
E ainda tenho muito tempo, pois nessa vida efêmera, cada segundo é eterno, e tenho muitos deles pra ser tudo que eu queira ser.

Tatiana Castro

quinta-feira, maio 21, 2009

Fuga

Sob o lençol
meu ventre, meu cheiro
Ainda dormem.

O olhar da partida
Em vão suplica
Não vá...

Mas já perdi as vestes,
Já gastei as preces.

Já rasguei os planos,
desfiz-me dos anos.

Já fugi
De mim.

terça-feira, maio 12, 2009

Artigo sobre globalização

Tive um artigo publicado no Observatório da Imprensa!!! Para quem quiser ler, é só clicar no título deste post! bjsss

sexta-feira, abril 10, 2009

Elis... para sempre Elis..

Acabei de ler o livro Furacão Elis hoje. Me sinto tão arrebatada como quando comecei a ler. Continuo sem saber quem foi Elis. Percebi que é impossível reconstruir a identidade de alguém, mesmo que se tenha vivido próximo a ela. Mesmo que se tenha casado com essa pessoa, convivido diariamente, tenha sido seu filho ou melhor amigo. Acho que ninguém é capaz de definir Elis. Nem ela mesmo o saberia, se estivesse viva. Sua própria mãe, em depoimento ao livro, diz que "não é porque ela morreu que direi que era um doce de coco". Ler esse livro não me fez deixar de admirar Elis, muito menos conhecê-la mais. Talvez fosse melhor nunca tê-lo lido. Para que ela ficasse assim, imaculada, para sempre. Como a eterna pimentinha Elis.

domingo, março 01, 2009

Quarta-feira de cinzas


Já posso ouvir, ao longe, os últimos batuques. Das fantasias restou o brilho, caído no chão em lantejoulas, em purpurina. É quarta-feira de cinzas. Seria também o fim da alegria? O carnaval acabou. Retorno à realidade. É quarta-feira. De cinzas. Amanhã o Brasil começa de novo. Ou se inicia? Nessa hora penso... ainda tem o Campeonato Carioca, o BBB e, mais tarde, o Brasileirão. Panis et circenses. Será que é essa a identidade nacional?

Diogo Mainardi acha que não. Possui uma posição extremamente radical com relação à identidade cultural. Para ele, ela simplesmente não existe. Sua visão é a de que o carnaval não representa nada, não representa a alma do brasileiro nem tampouco o que somos; é somente o carnaval.

Discordo em absoluto de Mainardi. Acredito que o carnaval, a maior festa de nosso calendário, é sim uma representação de nossa identidade cultural, e faço coro com Roberto da Matta quando este afirma que a identidade nacional existe, e existe legitimamente. Ele afirma que a identidade nacional pode ser construída de duas maneiras, o que faz do brasil (assim mesmo, com letra minúscula), Brasil (com letra maiúscula). O primeiro critério leva em consideração os dados quantitativos – como o PIB, PNB, renda per capita e estatísticas econômicas - que faz com que não sejamos o país que queríamos ser. O segundo se baseia em dados qualitativos, que algumas sociedades possuem, e se caracteriza em nosso caso pelo “jeitinho” brasileiro, pelo carnaval, pelo futebol, pela comida misturada, pela música.

A identidade nacional não pode, em minha opinião, basear-se somente num aspecto. Não é somente o carnaval o rito mais representativo da nossa identidade e não é somente ele que faz tapar os olhos do povo à corrupção, à crise, ao baixo salário, às dívidas, à falta de respeito ao cidadão. Isso não ocorre somente no carnaval. Como afirma da Matta, a nossa identidade cultural está ligada a dados, como PIB, renda per capita e também pelo modo como vivemos. O conhecido “jeitinho brasileiro”, do país do carnaval, da Cidade Maravilhosa, do melhor futebol do mundo, da música de qualidade, dentre tantas outras coisas, faz parte de nossa identidade cultural. É uma pena que não faça parte também a indignação, o protesto, a luta contra a tirania, marca da identidade cultural de alguns de nossos vizinhos. E que depois da última batucada, a passividade nos volte ao normal.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

A não-poesia

Não tenho mais tempo para a poesia
Ou talvez não tenha mais versos.
Na contramão do dia-a-dia
de súbito se esvaem
como não fossem pra ser.

A poesia precisa de tempo
E isso eu não mais tenho.
Talvez pegue emprestado
uns versos soltos,
e como numa colcha de retalhos,
mande-os tecer.

Mas a poesia precisa de tempo.
E isso eu já não posso mais lhe oferecer.

Quem sou eu

Minha foto
Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Bacharel em Letras-Português Inglês pela UFRJ - Jornalista formada pela UNESA. Por mim mesma (26/07/2007) Não sei desenhar. Não vejo novela. Não sei quem é a atriz do momento. Como a nêga, nunca fui à Bahia não. Nem quero ir. Não gosto de mate. Não faço pilates. Nem ioga. Odeio Paulo Coelho. Abomino Jabour e Mainardi. Não queria morar numa cabana. Não queria ter um iate. Queria ter menos preguiça. Queria ter menos vontade. Queria tocar piano. Queria cantar. Bem alto. Queria ler todos os livros bons. Queria ler a alma, dos maus. Queria comer chocolate e não engordar. Rir na hora de calar. Queria ter mais amigos verdadeiros Queria ter menos amores vãos. Queria ter poderes mágicos. De parar o tempo. De fazer voltar as horas. Queria ter mais vidas Pra caber tudo Que eu queria ser.