segunda-feira, março 26, 2007

Divagando, em plena luz do dia...

Almocei sozinha hoje, pela segunda vez na semana. Sempre tive um sentimento contraditório em relação à solidão. Odeio estar só, mas é só quando estou sozinha que me encontro. Por isso, às vezes, lhe sou grata. E hoje foi um desses dias.
Em meio a um burburinho incessante, comum ao maior shopping da América Latina no horário do almoço, entre estômagos famintos, entre passos apressados, deparei-me com o silêncio. Pedi licença para sentar-me a seu lado, e ela assentiu numa voz suave e, cabisbaixa, se desculpou. "Desculpa" - disse.
Lia, compenetradíssima, um livro de papel reciclado. Indiferente a tudo. Presa em seu mundo. Despertou momentaneamente ao sorrir de uma criança, e devolveu-lhe o sorriso. Em minha torpe imaginação, chamei-lhe Carina. Carina era a típica menina tímida da escola, longe de ser popular. Será que Carina se importava? Será que queria ter nascido bela? Reconheci parte de mim em Carina. Parte de mim perdida no tempo, na adolescência de sonhos falsamente realizáveis e de dores inacabáveis. Desejei ser Carina. Despercebida, em paz com ela mesma.
A palavra desculpa ecoava ainda em minha mente. Por que teria me pedido desculpas? Por estar ali, ocupando um espaço que supostamente não deveria ser dela? Por não pertencer àquele lugar? Definitivamente, não era Carina, e sim o lugar que não lhe pertencia. Ignorante a isso, Carina lia. E pedia desculpas, por existir.

sexta-feira, março 23, 2007

Alheio a nós....

















Não deu na TV. Muito menos no rádio. Nem uma nota, de pé de página, no jornal. O mundo alheio a mim, alheio a nós, alheio ao amor. Não deu. Mas acabou. Assim como o dia, com sua vigorosa manhã, se deixa invadir da noite. Assim como a lua, misteriosa e bela, se deixa cobrir de sol. Desmanchou-se em pingos de chuva. Esvaiu-se em gotas, de orvalho. Esvaiu-se ao soprar da brisa do mar. Pequeninos grãos, numa dança circular, ainda bailam ao vento...em vão tentam permanecer unidos, mas por fim também esvaiem-se. Tudo que é belo tem seu fim... Esvaio-me então...pra dentro de mim.

quarta-feira, março 21, 2007

Quando tento te encontrar...























Absorta em meus pensamentos. Um vazio.
Uma falta sentida, mas não tangível.
Tento lembrar. Esqueço. Lembrei-me de sempre esquecer.
Mecanismo questionável, mas muito eficiente.
Lembrar é recordar, e recordar, pra mim, não é viver.
Quanto mais tento entender, mais me confundo.
Quanto mais tento recordar, mais me esqueço.
Quando mais tento te encontrar, mais me perco...

quinta-feira, março 08, 2007

Feliz Dia Internacional das Mulheres para todas nós!!!!!!!!!!


Nenhum texto que eu escrevesse chegaria aos pés de qualquer palavra dele... Então em nossa homenagem... Vinicius...
Poemas para todas as mulheres

Vinicius de Moraes
No teu branco seio eu choro.
Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
E se embebedam do perfume do teu sexo.
Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
Confuso, criança para te conter!
Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza não!
Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!
Homem sou belo
Macho sou forte, poeta sou altíssimo
E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.
Ai! teus cabelos recendem à flor da murta
Melhor seria morrer ou ver-te morta
E nunca, nunca poder te tocar!
Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braços
Anjo, sinto o calor do vento nas espumas
Passarinho, sinto o ninho nos teus pêlos...
Correi, correi, ó lágrimas saudosas
Afogai-me, tirai-me deste tempo
Levai-me para o campo das estrelas
Entregai-me depressa à lua cheia
Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me
o cântico dos cânticos
Que eu não posso mais, ai!
Que esta mulher me devora!
Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha quero o colo de Nossa Senhora!

segunda-feira, março 05, 2007

Incertezas...

Pular de pára-quedas. Escalar uma montanha. Competir uma corrida de Fórmula 1. Fazer snowboard. Fazer um vôo livre. A liberdade nunca foi para mim o que é para a maioria. Muitos precisam de adrenalina para se sentirem vivos, eu preciso de segurança. Sou uma medrosa confessa, avessa a esportes radicais, principalmente os que envolvem altura - tenho pavor. Aventura pra mim é tomar chuva de biquini, no máximo. Nem montanha-russa encaro, a única vez que fui foi suficiente. Talvez Freud explique, mas por isso sempre fui uma pessoa que precisou se sentir segura. Em relação ao trabalho, à família, aos amigos. O problema é que esta segurança é completamente irreal. Ela existe somente na superfície - a vida se faz de incertezas. O beijo corriqueiro de "até mais" de todos os dias pode ser o último beijo. O do adeus. Desculpem-me se posso estar parecendo melancólica ou algo do gênero, mas acontecimentos recentes, com amigos próximos, me levaram a confrontar uma verdade que eu já conhecia, mas que tinha medo de admitir: nada é para sempre. O nosso certo de hoje pode ser a incerteza de amanhã. É preciso ser feliz, pois, no presente. Seu sonho é pular de pára-quedas? Pule hoje. Beijar aquela pessoa que você acha que nem olha pra você? Tente hoje. Realizar um sonho que para os outros é bobagem? Comece a concretizá-lo hoje. O amanhã é feito de incertezas, mas podemos realizar nossas meias certezas no hoje.

Quem sou eu

Minha foto
Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Bacharel em Letras-Português Inglês pela UFRJ - Jornalista formada pela UNESA. Por mim mesma (26/07/2007) Não sei desenhar. Não vejo novela. Não sei quem é a atriz do momento. Como a nêga, nunca fui à Bahia não. Nem quero ir. Não gosto de mate. Não faço pilates. Nem ioga. Odeio Paulo Coelho. Abomino Jabour e Mainardi. Não queria morar numa cabana. Não queria ter um iate. Queria ter menos preguiça. Queria ter menos vontade. Queria tocar piano. Queria cantar. Bem alto. Queria ler todos os livros bons. Queria ler a alma, dos maus. Queria comer chocolate e não engordar. Rir na hora de calar. Queria ter mais amigos verdadeiros Queria ter menos amores vãos. Queria ter poderes mágicos. De parar o tempo. De fazer voltar as horas. Queria ter mais vidas Pra caber tudo Que eu queria ser.