sexta-feira, novembro 07, 2008

It serves you right! (minha forra!!!)

PODCAST
Diogo Mainardi


Barack Obama ganhou. Eu perdi
Barack Obama ganhou. John McCain perdeu. Eu perdi com ele. Estou acostumado a perder. Meus candidatos quase sempre perdem. Quando um deles ganha, sempre dá um jeito de me envergonhar imediatamente. Por isso, é melhor assim. É melhor perder.
Barack Obama ganhou de John McCain em praticamente todas as categorias sociais: eleitores com mais escolaridade, eleitores com menos escolaridade, negros, latino-americanos, mulheres casadas, mulheres solteiras. Ele só perdeu entre os homens brancos. Alguém muito tolo poderia acusá-los de racismo. Mas nos Estados Unidos o que acontece é exatamente o contrário: é o homem branco votar num candidato mulato apesar de acreditar que o candidato branco se sairia melhor no papel de presidente. Alguém muito tolo poderia imaginar que os homens brancos de Indiana, depois de fechar suas farmácias e suas lojas de ferramentas, colocam um capuz pontudo e saem por aí linchando os negros. Repito: alguém muito tolo. O debate racial nos Estados Unidos está mais para A Mancha Humana, de Phillip Roth, do que para O Homem Invisível, de Ralph Ellison. O que menos importa em Barack Obama é sua mulatice. Ele próprio acredita nisso. Ridiculamente, ele está sendo tratado por todos como um Nelson Mandela, e os Estados Unidos, como uma África do Sul dos tempos do "apartheid". Calma. Muita calma.
Em seu primeiro discurso, na noite em que foi eleito, Barack Obama se comprometeu a resolver todos os conflitos internacionais sem recorrer ao poderio militar americano. Se a Igreja Católica se arrependeu publicamente de ter queimado Giordano Bruno, agora os Estados Unidos se arrependeram publicamente de ter enforcado Saddam Hussein, o herege copernicano das arábias.
A imprensa americana errou na guerra do Iraque, publicando os relatórios passados pela Casa Branca e pelo Pentágono sem checá-los, sem apurá-los, sem investigá-los. Com Barack Obama, ela repetiu o mesmo erro. A imprensa pode apoiar um candidato, como apoiou Barack Obama, mas sem permitir que esse apoio interfira na cobertura dos fatos. O partidarismo dos jornais e das TVs contra os republicanos me incomodou tanto que, a certa altura, eu já estava defendendo apaixonadamente o Criacionismo.
Quando Barack Obama foi eleito, protestei dormindo com um abajur aceso. Pensei que meu ato ajudaria a derreter a calota polar, inundando a sala de estar de um ou dois colunistas do New York Times. Depois me lembrei que eu também moro no litoral. E desliguei o abajur. Fui derrotado. Outra vez.

terça-feira, setembro 30, 2008

Reforma Ortográfica

Pára!!!!!! Quer dizer, para tudo!
Mudaram a minha revolta!!!
Que lhes falta? Já tiraram minha
tranquilidade,
aniquilaram o meu voo,
sacaram-me as forças unindo meu arquiinimigo.
Agora só me resta

buscar o diferencial
em meio a novos acentos.

sexta-feira, março 07, 2008

Por que amo-te assim?

Amo-te porque amo primeiro a mim
a tudo que fui, que sou, e que ainda serei
amo-te porque tens parte da minha essência,
parte da minha memória, da minha infância
daquilo que parecia ter tido fim.

Amo-te não porque me completas,
mas porque me unes.
Amo cada riso, cada olhar, cada lágrima,
e até mesmo cada palavra
que calas ou que falas.

Mas também odeio-te
cada vez que calas
e cada vez que falas
Cada vez que me faz sentir
ou que nada sinto

Odeio-te quando silencias meu grito
quando ris do meu pranto
quando zombas de meu espanto

E é aí que percebo como te amo
que me desvendas a ponto
de odiar-te até
Descubro, atônita, o verdadeiro amor
Amo-te porque somos um
e eu, por me amar tanto assim
te odiaria se eu mesma
mentisse para mim.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Maturidade

A pele já não é a mesma.
Nem o brilho, nem a textura.

A dor que doía em desatino
fere pouco mais
que uma leve picada de agulha.

O sonho, antes tão puro e tão menino
Hoje está bem crescido
Mas quando pensa no passado
Chora por seu presente destino.

O riso, outrora tão contido
Hoje ri solto
Da mágoa e da glória

dos anos vividos.

O amor sublime da juventude
ideal inatingível
Abandonou as telas, o folhetim, a ficção
Repousa agora tranqüilo
num lugar desconhecido
que fica no vasto espaço
entre a mente e o coração.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Saudade

Preciso ver pra lembrar de ti
Preciso da fotografia,
da imagem
pintada na tela
em tinta a óleo
ou talvez verniz.

Que hoje mora no escuro
e de seu canto amarela
o teu sorriso outrora feliz.

Desvestir

Tira tua armadura
Descobre o manto do teu medo.
Ama sem mesura,
sem compostura,
sem segredos.

Me olha com olhos de ternura
um olhar que veja só a mim.
Que assim me faço tua
e desvendamos, almas nuas
a vastidão desse nosso sem fim.

Quem sou eu

Minha foto
Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Bacharel em Letras-Português Inglês pela UFRJ - Jornalista formada pela UNESA. Por mim mesma (26/07/2007) Não sei desenhar. Não vejo novela. Não sei quem é a atriz do momento. Como a nêga, nunca fui à Bahia não. Nem quero ir. Não gosto de mate. Não faço pilates. Nem ioga. Odeio Paulo Coelho. Abomino Jabour e Mainardi. Não queria morar numa cabana. Não queria ter um iate. Queria ter menos preguiça. Queria ter menos vontade. Queria tocar piano. Queria cantar. Bem alto. Queria ler todos os livros bons. Queria ler a alma, dos maus. Queria comer chocolate e não engordar. Rir na hora de calar. Queria ter mais amigos verdadeiros Queria ter menos amores vãos. Queria ter poderes mágicos. De parar o tempo. De fazer voltar as horas. Queria ter mais vidas Pra caber tudo Que eu queria ser.