quinta-feira, outubro 11, 2007

Maneirismos de Mainardi

Pedi à minha querida mami para comprar a Playboy da Mônica Veloso. Já na capa, me deparo com a legenda - "A mulher que abalou a república". Hum... Será que “A mulher que despiu o Senado - SEM NADA", não seria mais transparente? Trocadilhos e infâmias à parte, vou logo esclarecendo aos engraçadinhos de plantão (meus dois? rs leitores assíduos): não, eu não tenho tendências homossexuais - mas nada contra, diga-se de passagem. Queria mesmo era ler a entrevista de um desafeto meu - Diogo Mainardi. Não me arrependi. Diogo é a personificação de tudo aquilo que mais abomino: um projeto de jornalista cujo plano é justamente projetar-se na mídia, às custas dos outros.
Meu primeiro contato com o polêmico "debatedor cultural" aconteceu na faculdade de Jornalismo. O melhor professor que eu já tive na vida, Ricardo Oiticica (que faz jus ao sobrenome famoso), me deu a honra de ser sua aluna na disciplina "Cultura Brasileira". Debatemos o texto de Antônio Cândido, "A dialética da malandragem", relacionando-o com "Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel Joaquim de Almeida, até chegarmos ao carnaval, através de uma análise comparativa entre os textos do antropólogo Roberto da Matta "Carnavais, Malandros e Heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro" e o do jornalista em questão: "Carnaval é só Carnaval".
Mainardi tem uma posição extremamente radical no que diz respeito à nossa identidade cultural. "O carnaval não representa nada, não representa a alma do brasileiro, não representa o que somos, é somente o carnaval". E vai além. Diz que o futebol é apenas um esporte. Até que desenvolvia bem seu ponto de vista, quando de repente cai em contradição: afirma categoricamente que o esporte mais amado de nosso país nada significa, que não admite que ele seja usado como metáfora da identidade nacional, mas que é capaz de desencadear uma guerra civil. Pois não é que outro dia mesmo, uma começou em Angola só porque a Paris Hilton, em uma visitinha rápida ao país, se negou a dar autógrafos? Faça-me o favor, Mainardi!
Bom, voltemos a mais aguardada entrevista já concedida à revista masculina de maior circulação do país. Mainardi é uma alegoria de si mesmo - repete tantas vezes que não quer aparecer na mídia, que nunca teve a intenção de aparecer, que um dia vai acabar acreditando. Periga ir pro BBB só pra mostrar "seu diferencial". Nascido inicialmente como romancista, segundo o próprio, construiu uma defesa contra qualquer expectiva de sucesso. Obviamente, encontrou no ataque o caminho para ele. De Lula, seu opositor mais célebre, a Chico Buarque, o discurso do peculiar jornalista sempre envereda para o caminho da polêmica. Considera-se um homem de opinões pouco convencionais, devido à sua formação intelectual diversa, e ao ser indagado sobre sua "fúria", afirma que este pretenso ódio não passa de deboche. Deboche é afirmar que Chico Buarque fala besteiras rotineiramente, que como letrista é um engodo. E logo a palavra engodo, que em uma de suas acepções significa coisa com que se engoda ou seduz alguém, adulação astuciosa... Qualquer semelhança com Diogo é mera coincidência...
Não fuma, não bebe, não dança - se julga extremamente tedioso - por isso relutava em conceder a entrevista há mais de um ano. Uma pessoa "chocha", como se autodenomina. Nem aparelho de som tem em casa. Afirma que progressivamente foi se afastando da música. Hoje, já não ouve nada. Sem dúvida, fez o mesmo com o bom senso.
Como já dizia o mestre Caymmi, quem não gosta de samba, bom sujeito não é. Imagina quem nem de música gosta.

5 comentários:

Fil Porto disse...

po..tu inventaste tudo isso para negar que tem tendencias homo, e que gostaria de ser como a Tammy,so para aparecer no jornal?brincadeira hein blond..hahahahahaa

Olha, poucas vezes vi o Manhattan Conection, mas quando via, observava o Mainardi; a figura dele ja é interessante, e quando abre a boca, sempre é pra criticar algo ou alguém.
Às vezes até que tem uma certa razão na sua lógica argumentativa, mas dizer que o futebol no brasil não representa a nacionalidade....acho que ele precisar ver mais tv e viver mais a realidade nacional.
Acho que vc falou pouco aqui...será que ficou com medo de se empolgar mais?hehe..bjs.

Anônimo disse...

Bom, se eu na minha abrupta ignorância tivesse que postar sobre este rapaz eu diria:

Diogo Mainardi é um chato. Igual o Cuenca.

Anônimo disse...

Era o Doug no comentário acima..

Anônimo disse...

Nossa, quanto ódio em seu pequeno coração :)

Comprei a revista, porque fiquei curioso quando li o jornal, dizendo que a revista havia se esgotado em poucas horas na chapelaria do senado e da câmara.

Vou deixar de lado meus comentários sobre as fotos da 'moça' que desnudou a política brasileira, e focar no seu post: Mainardi é o sinônimo da palavra kitsch: tenta ser extravagante e refinado, mas numa "revista de mulher pelada" (nossa, essa foi uma frase típica de um tiozão :D).
Sim, a Playboy tenta ser uma revista 'elegante', mas, com o mesmo propósito de qualquer outra revista do gênero: mostrar mulheres desnudas. Era a grande crítica de Larry Flynt, fundador e dono da revista Penthouse.

Concordo com o seu ponto de vista. O futebol brasileiro é um esporte com a cara do Brasil, que tem um gingado de passos de samba com a rapidez de adaptação do nosso povo às situações novas.
E não existe carnaval como o nosso, em lugar algum do mundo. O samba é intrínseco a ambos, futebol e samba, e isso tudo faz parte do 'jeitinho brasileiro'.

Mas, o jornalista se esquece de que ele também acaba de mostrar uma referência do jeitinho brasileiro: o de tentar bancar o caolho em terra de cego. Pobre caolho...

Beijos!

Anônimo disse...

Tatiana, prazer, meu nome é Sérgio, cheguei até aqui ao ler um seu comentário no "OI".
Discordo de você. Adoro o Diogo Mainardi!
Depois de muito tempo passando raiva com as sandices que ele escrevia na "Forza Brasile" ou ("Republican Magazine", se preferir, muito embora os republicanos estadunidenses não sejam tão direitóides reacionários - não sei se reacionário cabe, a vera, mas vá lá - e insensatos quanto os diretores, editores, redatores, repórteres, comentaristas e etcéteras do semanário brasileiro), hoje dou gargalhadas. É divertido, engraçado, simplesmente porque não pode ser levado à sério.
Ele é um mal-feito clone de um "clown", e talvez resida aí o que me encante: puro entretenimento, gargalhadas mil.
Abraço.

Quem sou eu

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Bacharel em Letras-Português Inglês pela UFRJ - Jornalista formada pela UNESA. Por mim mesma (26/07/2007) Não sei desenhar. Não vejo novela. Não sei quem é a atriz do momento. Como a nêga, nunca fui à Bahia não. Nem quero ir. Não gosto de mate. Não faço pilates. Nem ioga. Odeio Paulo Coelho. Abomino Jabour e Mainardi. Não queria morar numa cabana. Não queria ter um iate. Queria ter menos preguiça. Queria ter menos vontade. Queria tocar piano. Queria cantar. Bem alto. Queria ler todos os livros bons. Queria ler a alma, dos maus. Queria comer chocolate e não engordar. Rir na hora de calar. Queria ter mais amigos verdadeiros Queria ter menos amores vãos. Queria ter poderes mágicos. De parar o tempo. De fazer voltar as horas. Queria ter mais vidas Pra caber tudo Que eu queria ser.