segunda-feira, novembro 29, 2010

Ética e imprensa


“O dilema ético típico dentro do campo jornalístico é aquele que opõe um valor justo e bom a outro valor que, de início, apresenta-se igualmente como justo e bom. Por isso é tão difícil e por isso merece tanta reflexão. É nessa medida que a teoria clássica sobre ética tem sido invocada para oferecer parâmetros ao jornalista”. (Bucci, 2000, p.21)

Este trecho extraído do livro “Sobre ética e imprensa”, de Eugênio Bucci, dá margem à discussão sobre a ética utilitarista também citada por Lambeth, em “Committed Journalism”, cuja ação do agente deve ser condicionada àquela que trará mais benefícios para mais pessoas. Obviamente, nenhuma dessas atitudes se utilizaria de meios ilícitos para atingir o chamado “bem geral”. Para Bucci, não se pode confundir o utilitarismo com a máxima segundo a qual os fins justificam os meios, e sim o emprego dos meios para a obtenção de fins moralmente valiosos.
Segundo Sérgio Mattos, em seu livro “Mídia Controlada – A história da censura no Brasil e no mundo”, a liberdade de imprensa é imprescindível não só para os jornalistas como também para todas as camadas da população. No entanto, no que concerne à ética jornalística, essa “liberdade” que o utilitarismo permite ao agente é bastante criticada. Afinal, por que razão o jornalista deve possuir um “poder supremo” de dizer qual bem é maior que o outro, ou de avaliar qual conseqüência de sua atitude é melhor que a outra?
O debate se alonga na medida em que jornalistas são muitas vezes partidários de uma ou outra ética – a utilitarista ou a universal. A universal não seria exclusiva de nenhuma profissão, e sim uma ética para todos os cidadãos. A ética utilitarista, a meu ver, abre brechas para que jornalistas mal-intencionados pratiquem atos antiéticos, tendo como justificativa o bem coletivo, quando de fato seus interesses são meramente individuais e/ou comerciais. Por terem a função de descobrir e divulgar informações, poderiam então os jornalistas quebrar as regras de conduta impostas a todos os cidadãos, e serem isentos de culpa por atos como roubar documentos, mentir, praticar falsidade ideológica, respaldados pela busca desse “bem maior?”.
É claro que as duas práticas discutidas se mesclam, e que a decisão ética é de foro individual, mas deve levar em conta sempre o bem comum. O fundador do utilitarismo, Jeremy Bentham, preconizava a máxima “a maior felicidade para o maior número possível de pessoas”. O fim é, assim, a felicidade coletiva, e não o êxito de um determinado objetivo. A conduta do jornalista não se torna aceitável somente porque este obteve como resultado final o êxito. Ele deve conduzir suas ações com o objetivo primordial de informar o público.
Acreditar que mentir, roubar documentos, usar dos mais diversos meios escusos para conseguir informação é a única maneira de obtê-la nos dias de hoje é reduzir toda classe jornalística a uma parcela que pratica essas ações. O mercado jornalístico, que valoriza o furo, que se preocupa com a maximização do lucro, faz muitas vezes com que os jornalistas levem em conta o medo de perder o emprego e até mesmo a sua satisfação pessoal ao tomarem suas decisões. Apesar de o jornalista de hoje enfrentar essa realidade, e de a informação nem sempre ser fácil de ser obtida, não é necessário infringir leis e ir de encontro aos princípios éticos tão preconizados no exercício da profissão para realizar seu ofício e atingir o “bem maior” – levar a informação de forma ética ao cidadão.

Um comentário:

Anônimo disse...

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Bacharel em Letras-Português Inglês pela UFRJ - Jornalista formada pela UNESA. Por mim mesma (26/07/2007) Não sei desenhar. Não vejo novela. Não sei quem é a atriz do momento. Como a nêga, nunca fui à Bahia não. Nem quero ir. Não gosto de mate. Não faço pilates. Nem ioga. Odeio Paulo Coelho. Abomino Jabour e Mainardi. Não queria morar numa cabana. Não queria ter um iate. Queria ter menos preguiça. Queria ter menos vontade. Queria tocar piano. Queria cantar. Bem alto. Queria ler todos os livros bons. Queria ler a alma, dos maus. Queria comer chocolate e não engordar. Rir na hora de calar. Queria ter mais amigos verdadeiros Queria ter menos amores vãos. Queria ter poderes mágicos. De parar o tempo. De fazer voltar as horas. Queria ter mais vidas Pra caber tudo Que eu queria ser.